30 Julho, 2025
Escrito por REGA ENERGY
Tempo de leitura: 3 min
Descarbonizar a indústria setor a setor: As oportunidades para a indústria do vidro
O vidro é um material de caraterísticas únicas e com um potencial imenso. O hidrogénio e o oxigénio verdes, assim como o biometano, são energias que poderão transformar esta indústria contribuindo para a sua descarbonização.
Presente nos objetos mais comuns do quotidiano e essencial numa panóplia de setores, como na arquitetura ou na construção, ou mesmo na ciência, na medicina e na tecnologia, o vidro é um material de uma versatilidade notável. Além desta versatilidade, o vidro tem atributos superiores de durabilidade e de capacidade de preservar a qualidade dos produtos, graças a embalagens que não transmitem contaminantes aos alimentos. Tem também uma característica única que o distingue: é infinitamente reciclável e reutilizável.
Assim, podemos afirmar que vidro é sustentabilidade. Os números confirmam-no: uma tonelada de vidro usado pode ser aproveitada para produzir exatamente uma nova tonelada de vidro. Através de um processo de produção circular, é assegurado um reaproveitamento contínuo deste material sem que perca as suas propriedades. Consequentemente, reduzem-se a necessidade de extrair recursos naturais e o alto consumo de energia térmica usado na produção do vidro, – na medida em que o ponto de fusão no processo produtivo diminui com o aumento da quantidade de material reciclado utilizado.
Em 50 anos o vidro tornou-se 30% mais leve e consome 70% menos energia
Se estas características são já de excelência, também o caminho que a indústria vidreira tem vindo a percorrer para maximizar o potencial “verde” deste material fala por si: hoje produzem-se artigos em vidro 30% mais leves, consumindo menos 70% de energia e emitindo apenas 50% do CO₂ do que há 50 anos. Mas ainda há muito a fazer por esta indústria, em que o recurso às energias fósseis ainda pesa demais no processo produtivo.
O modelo de crescimento económico assente numa economia limpa e circular, definido pela União Europeia e materializado na Lei do Clima, estipula o objetivo de atingir a neutralidade carbónica do continente europeu até 2050 – com um objetivo intermédio de redução de emissões em 55% para 2030. Já em fevereiro de 2024, a Comissão recomendou um outro objetivo intermédio: a redução em 90% das emissões até 2040 (European Green Deal).
As soluções para a descarbonização
A descarbonização do setor vidreiro vai continuar a passar pela contínua inovação do eco design dos produtos, pelo aumento da utilização de vidro reciclado nos processos de produção e pela procura de outras matérias-primas descarbonatadas com energia de origem renovável. A eletrificação do processo produtivo é uma das alternativas com maior potencial para a substituição de gás natural fóssil, podendo ter como complemento sistemas de oxicombustão e gases renováveis.
A efetiva transição energética do espaço europeu para uma economia de baixo carbono precisa, por isso, de avultados investimentos em infraestruturas para a produção e transporte de energia renovável. O setor vidreiro europeu já identificou, aliás, várias iniciativas para a adoção de tecnologias disruptivas com vista à descarbonização, mas estas não podem – porém – comprometer a competitividade do produto final.
A adoção de tecnologias como a dos fornos 100% elétricos ou híbridos (com potencial de eletrificação de 80%) não só requer níveis de investimento elevados como tem ainda um nível de incerteza associado ao seu tempo de vida. Significa isto que o gás deve continuar a representar uma grande fatia no processo produtivo do vidro, pelo que os gases renováveis como o hidrogénio verde e o biometano assumem um papel complementar fundamental na descarbonização do setor vidreiro.
Energias renováveis como vetor de descarbonização
O Biometano é um substituto perfeito do gás natural, sendo totalmente compatível com os equipamentos que atualmente já queimam gás natural e, consequentemente, com os processos produtivos industriais que, como a produção de vidro, utilizam gás natural. Por este motivo, também não existem limites à sua injeção nas redes de gás natural, não sendo a proximidade da produção ao consumidor final um requisito relevante.
A produção de Hidrogénio Verde depende essencialmente da disponibilidade de energia elétrica, água e espaço para a instalação de módulos para eletrólise, que podem ser integrados entre si de forma progressiva ao longo do tempo. O facto de o hidrogénio ter uma compatibilidade limitada com o gás natural faz com que, idealmente, a sua produção esteja próxima dos pontos de consumo, para que os produtos sejam entregues por gasodutos dedicados e assim as empresas com necessidade de elevados caudais e volumes consigam descarbonizar com escala.
Dada a sua concentração no território, a indústria vidreira pode ser uma das grandes beneficiárias dos modelos de “vale de hidrogénio verde”, como um complemento à descarbonização dos seus processos industriais, permitindo a descarbonização efetiva dos processos produtivos através de uma substituição direta do gás fóssil por gás renovável.
Fontes:
AIVE. (n.d.). Retrieved from https://aive.pt/embalagens-de-vidro/beneficios/
Glasshallmark. (n.d.). Retrieved from https://glasshallmark.com/the-furnace-for-the-future-the-glass-industrys-shared-ambition-for-a-low-carbon-future/
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